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“Os sentimentos e valores que se partilham em família são a
maior riqueza que se pode dar” Pais de família numerosa e sócios da APFN, Pedro Lima e Anna Westerlund são os embaixadores da Family Land, grande evento para todas as famílias que decorrerá no Hipódromo Manuel Possolo em Cascais nos próximos dias 8 e 9 de outubro. Em conversa com a APFN, ambos transmitiram a sua visão sobre a importância da família. |
APFN: O que
significa para vocês a família?
Anna: É o lado do porto seguro. A nossa rede que ampara e nos acompanha e
partilha as coisas boas e as coisas menos boas, mas que idealmente está sempre
ali connosco, é o clã. É o nosso Clã.
Pedro:
Acho que pertencer a uma família estruturada é um bom princípio para sabermos
conviver com outras pessoas, com a diversidade, ser mais tolerantes, estarmos
abertos a ajudar-nos uns aos outros, percebermos a diversidade e o carácter de
outras pessoas.
APFN: Sempre sonharam ter uma família grande? Isto foi acontecendo
naturalmente? Cresceram num ambiente com muitos irmãos?
Anna: Não por acaso não. Eu e o Pedro só temos um irmão.
Pedro: A
vontade de ter uma família grande vem do facto de ter convivido com amigos com
famílias grandes e sentir que aquela magia era aquela que gostaria de ter. Cada
novo ser que integrava a nossa família era sempre uma riqueza muito grande.
Enriquecia muito as nossas vidas e este núcleo.
APFN: E como é que é ter uma família numerosa e conseguir articular com as
vidas profissionais que são ambas intensas?
Pedro: Temos que nos ajudar muito uns aos outros. Às vezes são dias muito
desafiantes, mas é aquele cansaço que é o melhor cansaço do mundo.
Anna: Mas
é um desafio. E eu. Fazendo um parêntesis para as mães e para as mulheres, acho
que dantes muitas vezes as mães ficavam em casa e hoje é quase desvalorizado
esse papel da mãe em casa, que acho que é fundamental. As mulheres no seu papel
de mães e profissionais são ainda um bocadinho sobrecarregadas.
APFN: Quais é que acham que são as razões que estão na base dos portugueses
terem cada vez menos filhos?
Pedro: Acho que vivemos numa sociedade cada vez mais egoísta. As pessoas
querem ter coisas. Querem ter tudo, Acham que isso é fundamental e prioritário à
constituição de uma família. E se calhar nem desconfiam que a família
pode-nos dar força para fazermos muito mais coisas a nível profissional e
alcançar níveis materiais mais confortáveis.
Anna: E ouve-se muitas vezes dizer: “ai eu prefiro ter só um filho ou dois para lhes poder dar tudo”. E o dar tudo é sempre de um lado muito material! Da relação com os filhos de amor, e todos os sentimentos e valores que se partilham em família é a maior riqueza que se pode dar. O lado material é demasiado valorizado. Acho que é uma tendência destes tempos. Oxalá mude.
Anna: Além disso trabalha-se muitas horas. Os pais e as mães estão menos disponíveis.
Pedro:
Valoriza-se muito o percurso profissional. Abriu-se o mercado de trabalho às
mulheres, mais oportunidades e as mulheres para se afirmar profissionalmente
muitas vezes não têm disponibilidade para serem mães para engravidar. Adiam a
decisão, adiam a maternidades. Às vezes até tarde demais.
APFN: Há algum episódio engraçado que queiram partilhar, por serem uma
família numerosa?
Anna: Há muitos. É engraçado perceber neles que se eles ouvem falar em
gravidez acham muita graça à ideia de ter mais irmãos. Por isso é porque é uma
coisa enriquecedora e nenhum deles sentem que se isso acontecesse seria uma
ameaça. Fazem logo planos e isso é ótimo.